Avé-maria

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco!
Bendita sois Vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte.
Ámen.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Um poema de António Nobre

Ó mística mulher, nascida na Judeia,
Fantasma espiritual da legenda cristã!
Imperatriz do Céu, que para além se alteia,
A Nação de que a Terra é uma pequena aldeia,
E simples lugarejo a Estrela-da-manhã!
Morena aldeã dos arredores de Belém!
Mãe admirável! Mãe do Sofrimento humano!
Mãe das campinas! Mãe da Lua! Mãe do Oceano!
Ó Mãe de todos nós! Ó Mãe de minha Mãe!
Vela do Altar! Casa de Ouro! Arca da Aliança!
Rede do Pescador! Lanterna do ceguinho!
Ó meu primeiro amor! Minha última Esperança!
Amparo de quem vai pela existência, e cansa!
Oblação pura! Silva de ais! Vela de Moínho!
Meu Sete Estrelo! Mar de leite! Meu Tesouro!
Palácio de David! Ó Torre de Marfim!
Anjo da Perfeição! cujo cabelo louro,
Caído para trás, lembra uma vinha de ouro,
Que eu desejara ver aos cachos sobre mim…
Grão das searas! Sol d’Abril! Luar de Janeiro!
Luar que ruge os cravos, sol que faz corar a vide…
Alimento dos Bons! Farinha do moleiro!
Auxílio dos cristãos! Vela do marinheiro!
Portas do Céu! Glória da casa de David!
Sol dos sóis! Ancora ebúrnea! Águia do Imenso!
Vinho de unção! Pão de luz! Trigo dos Eleitos!
Ideal, por quem, a esta hora, em todo o Mundo, eu penso,
No Ar se ergue, em espirais, um nevoeiro de incenso,
E desgraçados, aos milhões, batem nos peitos…
Ó Fonte de Bondade! Ó Fonte de meus dias!
Vaso de insigne Devoção! Onda do Mar!
Coroa do Universo! Asa das cotovias!
Ogiva ideal! Causa das nossas alegrias!
Ó Choupo santo! Ó Flor do linho! Ó nuvem do Ar.
Carne de Cristo! Cidadela de altos muros!
Santuário da Fé. Lancha de Salvação!
Alma do Mundo! Avó dos séculos futuros!
Fortaleza da Paz! Via-Láctea dos Puros!
Monte de Jaspe! Rosa Mística! Alvo Pão!
Sangue do leal Jesus! Cadeira da Verdade!
Vime celeste! Água do Mar! Pérola Única!
Mulher com vinte séculos de idade
E sempre linda mocidade
Pelas ruas do céu, passas, cingindo a túnica…
Cesto de Flores, Advogada Nossa!
Alvéu de espuma! Cotovia dos Amantes!
Escada de Jacob! Sol da Sabedoria!
Rainha dos Mundos! Pão nosso de cada dia!
Ó véu das noivas! Ó Farol dos navegantes!
Ó Leme da Arca-Santa! Ó Cruz dos sítios ermos!
Toalha de linho! Hóstia de luz! Cálice da Missa!
Modelo da Pureza! Espelho da Justiça!
Estrela da Manhã! Saúde dos enfermos!
Ó Virgem Poderosa! Ó Virgem Clementíssima!
Ó Virgem Sofredora! Ó Virgem Protectora!
Ó Virgem Piedosa! Ó Virgem perfeitíssima!
Virgem das Virgens! Minha Mãe! Nossa Senhora!
(António Nobre, Coimbra,1889)

Retirado de http://vivanossasenhora.blogspot.com/

1 comentário:

Unknown disse...

Tão lindo, amo este poema. Procurei-o na internet e surgiu-me no seu blog. Ogrigada.